sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Atenciosamente, a Droga


Caro jovem: Quero que você me ouça, antes de me usar. Quero que me conheça e saiba quem sou, o que faço, como me comporto dentro das pessoas, como você irá se sentir, depois do meu contato, da minha ilusão.

Eu não tenho nome certo, nem sobrenome. Sou batizada a toda hora e a todo instante por aqueles que me usam. Não tenho amigos, pois consigo destruir todos aqueles que se aproximam de mim. Quando não faço completamente, eu os deixo sem miolos, sem coração e sem pensamentos.

Os que me tomam como companheira, são aqueles de coração amargurado, abandonados por todos. Aqueles que se sentem sós e que procuram em mim uma fuga ilusória e dolorosa.

Um dos meus contatos preferidos são as veias. Através delas eu consigo mergulhar em seu sangue, que me levará a uma viagem por todo o seu corpo. Passo pelos membros do seu corpo, pelas artérias, pelo seu sistema nervoso deixando aí a minha marca.

Enquanto eu passeio, você vive as ilusões. Através desse rio de sangue, consigo atingir o cérebro e, aí minha marca é mais forte, pois no cérebro vou roubar o pensamento, a memória, a razão. Por fim, descerei até o coração e você saberá quem sou realmente. Aliás, nem haverá tempo para isso, pois já estará morto. Pronto. Já lhe contei minha história. Se quiser minha ajuda, procure-me. Estou pronto para tirar sua paz, sua liberdade e sua vida.

Atenciosamente,
A DROGA.

Márcio Guedes

 

Um comentário:

Isac Rodrigues disse...

De passagem, deixo aqui meu abraço fraternal.

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