terça-feira, 23 de setembro de 2008

Um artigo de Philip Yancey - Para onde vamos?

A vida cristã envolve tanto a viagem quanto o destino.

Portal Cristianismo Hoje - http://www.cristianismohoje.com.br

Em maio, exatamente três meses antes da Convenção Nacional do Partido Democrático em Denver, preguei em um almoço de oração estadual no centro de convenções, que logo estaria repleto de delegados com chapéus esquisitos, assoprando imensa variedade de apitos estridentes. Os policiais organizavam seus pelotões para controlar os grupos de manifestantes que, previa-se, agiriam à porta do centro de convenções. No mesmo local em que pensáramos na oração, políticos se revezariam para prometer conduzir o país em nova direção e consertar o que está errado.
Pensando no que dizer aos líderes reunidos, lembrei-me das palavras de Jürgen Habernas, filósofo alemão contemporâneo:'A democracia requer que os cidadãos possuam qualidades que ela não tem como lhes fornecer. Os políticos podem criar visões elevadas de uma sociedade próspera, saudável e livre, mas nenhum governo é capaz de fornecer as qualidades de honestidade, compaixão e responsabilidade pessoal que precisam estar por trás dessa visão'.
Apesar de tudo que tem de positivo, os Estados Unidos demonstram alguns sinais claros de enfermidade. Tendo menos de 5% da população mundial, possui 25% da população carcerária – maior do que a da Rússia e da China somadas. O país consome metade dos remédios prescritos em todo o mundo. Em todas as grandes cidades, os sem-teto dormem nos parques e embaixo dos viadutos. E as principais causas de mortalidade são auto-infligidas: obesidade, alcoolismo, doenças sexualmente transmitidas, enfermidades decorrentes de stress, drogas, violência e câncer provocado por problemas ambientais. Fica evidente que os políticos não resolveram os problemas.
George Orwell observou a diminuição da fé religiosa na Europa (fato que ele aprovava) e comentou:
'Há duzentos anos estamos serrando continuamente o galho em que estamos assentados. Por fim, muito mais inesperadamente do que prevíamos, nosso esforço foi recompensado e viemos ao chão. Mas, infelizmente, houve um pequeno engano. O que nos esperava no solo não era um mar de rosas, mas sim um fosso todo trespassado de arame farpado... Parece que a amputação de nossa alma não é apenas uma cirurgia, como a remoção do apêndice. A ferida tende a inflamar'.
Felizmente, os políticos dos dois partidos nos Estados Unidos ainda reconhecem o papel essencial que a fé desempenha nas sociedades saudáveis. Os seguidores da fé cristã são encarregados de sustentar outro tipo de visão: o planeta é de Deus e não nosso e, à medida que o destruímos a ponto de deixá-lo irreconhecível, Deus chora. O valor de uma pessoa não é determinado pela aparência, salário ou etnia, nem mesmo pela posição como cidadã, mas é concedida por Deus, como dom sagrado e inviolável. A compaixão e a justiça – o cuidado com os 'meus menores irmãos', usando as palavras de Jesus – não são valores arbitrários escolhidos por políticos e sociólogos; são mandamentos santos daquele que nos criou.
Nós, cristãos, nem sempre vivemos de acordo com essa visão. Temos dificuldade para manter o compromisso ao mesmo tempo com este mundo e o mundo futuro.
Um amigo meu faz analogia com um ônibus repleto de turistas dirigindo-se para o Grand Canyon. Na longa jornada, atravessam as plantações de trigo no Kansas e as montanhas maravilhosas do Colorado. Os passageiros, inexplicavelmente, fecham as cortinas do ônibus. Pensando apenas no destino final, nem se dão ao trabalho de olhar para fora. Por isso, passam o tempo todo em discussões inúteis, como quem está na melhor poltrona e quem demora demais no banheiro.
A Igreja pode ficar semelhante a esse ônibus, afirma meu amigo. Devemos lembrar que a Bíblia tem muito mais a dizer sobre a vida durante a jornada do que sobre o destino final.
Algumas pessoas de fé tendem a ir para um extremo ou para outro. O terrorista suicida que explode uma bomba, por exemplo, abre mão voluntariamente desta vida na esperança de receber recompensas na vida eterna.
Isso vai totalmente contra a mensagem cristã, pois Jesus nos ensinou a orar para que a vontade de Deus 'seja feita assim na terra como no céu'. Jesus falava do reino de Deus tomando forma agora, neste planeta.
O mundo não precisa de extremos em nenhum tipo de persuasão – nem do crente que considera a vida algo que deve apenas suportar, nem de George Orwell, que percebe tarde demais que serrou o galho em que estava sentado.
Precisamos, na verdade, é de cristãos acolhedores, gente dedicada às criaturas e filhos de Deus assim como ao próprio Deus, tão comprometidas com esta vida quanto com a vida eterna, com esta cidade quanto com a cidade celestial. Se não for assim, a retórica dos democratas no Colorado, e também a dos republicanos em Minnesota, não passará disso: retórica vazia. Como Habernas diz, uma democracia de pessoas livres deve procurar em outro lugar as qualidades de que os cidadãos precisam.

(Tradução de Karen Bomilcar)

http://www.cristianismohoje.com.br

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2 comentários:

Rosa Farias disse...

Estou passeando na net e encontrei o seu blog,muito bom e edificante,que Deus continue te capacitando a cada dia para nos abençoar com o suas mensagens.

Paz

vitorferolla disse...

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