sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um poema azul de Heli Menegale


Azul

Heli Menegale

O que no céu me fascina
é a transparência do azul.
Ao contemplá-lo, suponho
ser a Terra o seu contraste,
e surgem no meu espírito
visões de mundos distantes,
mais belos que o nosso mundo.
O sol às vezes altera
com sua luz ofuscante
o tom do unânime azul.
Mas tão azul é esse azul
e tal sua imensidade,
que, embora mais sóis houvera,
mais azul ainda haveria.
Atrás de névoas, de nuvens,
ou quando em toda a nudez
- o azul é um azul perene.
Lá fica o ninho dos anjos
e se destila a pureza
que forra a alma dos santos.
No azul se filtram os males,
o azul é consolador.
De lá se extraiu a tinta
com que se deu colorido
às íris do meu amor.
Há por lá muitas moradas
que Jeová construiu.
Foi por essa mesma via
que o poeta florentino
avistou o Lume Eterno,
guiado por Beatriz.

O azul é o país do sonho.
Espero alcançá-lo um dia
Para esquecer... e sonhar.


Do livro Permanência do Azul (Porto Alegre: Editora Globo, 1979)

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