sexta-feira, 13 de maio de 2011

3 Poemas de Antonio Costta


Escher
I


Eu não tenho vergonha de dizer
Que gostaria de escrever
Como Carlos Drummond de Andrade.


Mas na realidade
Eu não me preocupo em escrever diferente;
Pois cada poeta escreve
Um pouco do que ele sente!...


Confesso até que tem algumas poesias
Do meu admirável poeta
Que eu não acho bonitas;


Mas o que importa
É que ele estava
Realmente, intrinsecamente,
“Preso à vida
E olhava os seus companheiros”.






II


Como a poesia perdeu-se tanto!
Como a poesia se faz tão fria;
Morta, morta, morta,
Na melancolia da tarde fria;
Na frieza desse fino dia...


Já não se toma a poesia
Como uma xícara de café quente;
Como um morno morno leite,
Do peito da própria vaca!


Agora tudo é diferente,
-empacotado, refinado, pasteurizado!
Não tem o sabor do fogo de lenha
Nem o cheiro do curral...


Cadê o telurismo?
-o amor à terra natal;
Onde estão os poetas?!
(ouvindo música internacional!)






III


Parem a nave, parem a nave!
Pare pare pensamento
Que eu não vou escrever nenhum poema
Que não fale do meu tempo!...


Não, não irei voar,
Para Marte nem para Vênus;
Não irei somar demais
Nem irei multiplicar
Minha vida vezes menos!...


Não, não cantarei,
O tempo futuro!
Não serei de vanguarda,
Nem serei do monturo.


Quero apenas cantar
A cantiga do amor
Moderno e matuto.
Também não serei o poeta
De um tempo absoluto!


Quero apenas cantar,
Ao som da viola,
Uns versos que trago
Na minha sacola.


Carlos não cantou,
Por que cantarei?
Meu tempo é agora,
Ontem não fui,
Amanhã, serei?...


Visite o blog do autor: http://antoniocostta.blogspot.com/

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