sábado, 16 de julho de 2011

INFÂNCIA, poema de Jorge Pinheiro



Como vão longe os dias
das correrias pelos prados
longos e verdes
dos jardins da minha infância!

Agora, demando
outros portos
talhados na carne negra
das noites da minha solidão.

Como vão longe os tempos
em que as nuvens
eram comboios deslizando
em trilhos imaginários
para países distantes
e encantados!

Agora, debato-me
no revolver
sereno e calmo
agitado e possante
da revolta íntima
de linhas traçadas em espirais
de sonho.

Como vão longe os dias
do esconde-esconde
e da cabra cega
e da vida que era filme
rodado a cada esquina!

Cobre-me a fronte
dispersa
a certeza
da incerteza
inculcada nos poros do sentir.
Vivo o pano a cair
no palco do espectáculo
que segue em sessão contínua!

Lisboa, 11.Agosto.1971


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