quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Espada e o Poeta - Poema de Alceu



A Espada e o Poeta


Eu coroarei de mirto a minha espada,
Como a de Harmódio honrada,
E como a de Aristógiton, o forte,
Quando ao sevo tirano deram morte,
E Atenas libertada
Foi à igualdade antiga restaurada.


Tu não morreste, Harmódio, oh não!tu gozas
Nessas ilhas ditosas
Serena vida cos heróis que aí moram,
E onde, cremos, demoram
Diomedes, o valente,
E Aquiles, o veloz, eternamente.


De mirto a minha espada
Trarei como Aristógiton c'roada,
E como Harmódio, o forte,
Que à vingança reserva,
Quando, nos sacrifícios de Minerva,
Ao tirano Hiparco deram morte.


Em prezada memória
Viverá para sempre, eternamente,
Harmódio, a tua glória,
E a tua, Aristógiton valente,
Que o tirano matastes
E à liberta cidade
O usurpado direito restaurastes
Da primeira igualdade.


Alceu (poeta e político grego do séc. VII A.C.)
Tradução de Almeida Garret
in O Livro de Ouro da Poesia Universal - Org. Ary de Mesquita  (1988, Ediouro)

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