quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fim de uma era para a Enciclopédia Britânica


encyclop0314
Em 1768, um artista escocês que fazia gravuras, chamado Andrew Bell, e um gráfico chamado Colin Macfarquhar colocaram tinta no papel para criar três volumes indexados conhecidos como Enciclopédia Britânica.
A editora de Chicago disse que, no lugar disso, vai se concentrar em vender as enciclopédias para assinantes através do seu site ou via aplicativos para tablets e smartphones.Na terça-feira, a Encyclopaedia Britannica Inc. disse que vai parar de imprimir sua famosa enciclopédia, um sinal de como os leitores têm abandonado livros de referência impressos, trocando-os por websites, como Wikipédia e Google.
"Esse não é um dia triste para a Britannica", afirmou Jorge Cauz, presidente da Encyclopaedia Britannica. "Nós somos uma empresa completamente digital."
A Britannica, que ao longo dos anos teve colaboradores como Marie Curie, Albert Einstein e Henry Ford, disse que as vendas de volumes impressos atingiram o pico em 1990, quando ela vendeu 120.000 conjuntos. Desde então, as vendas vêm caindo vertiginosamente: em 2010, a empresa imprimiu somente 12.000 conjuntos, sendo que 3.500 ainda não foram vendidos. Cada conjunto, composto de 32 volumes da Enciclopédia Britânica custa, em média, US$ 1.500 nos Estados Unidos.
A ideia de parar com a impressão dos veneráveis livros vinha amadurecendo já por uns dois anos, disse a empresa, uma vez que enciclopédias se tornaram um produto primordialmente virtual nos últimos vinte anos.
Até 2004, a empresa estava perdendo dinheiro devido à queda nas vendas de produtos impressos. Mas, desde então, ela cresceu no mercado educacional, onde agora obtém 85% de seu faturamento, vendendo programas didáticos e livros eletrônicos de matemática, ciências e humanas para o primeiro e segundo graus e outros currículos mais avançados.
Apenas 15% do faturamento da Britannica vêm de conteúdo enciclopédico. A empresa, que tem capital fechado, não quis divulgar os seus lucros, mas disse que vem se mantendo lucrativa nos últimos oito anos e que gera "milhões de dólares" por ano. Apenas 1% da sua receita vem da venda de enciclopédias impressas.
Mas a empresa ainda tem um longo caminho pela frente até conseguir uma presença virtual próxima à da Wikipédia, a enciclopédia gratuita mantida pela organização sem fins lucrativos Wikimedia Foundation. A Wikipédia aparece como o resultado número 1 em 56% das buscas no Google, de acordo com um estudo da Intelligent Positioning Ltd., uma agência do Reino Unido que ajuda empresas a melhorarem seu tráfego na internet.
Além disso, o banco de dados da Britânica é significativamente menor do que o da Wikipédia, disse Cauz. Entre 1,2 e 1,5 bilhões de buscas on-line mensais pedem por conteúdos disponíveis nas páginas da Enciclopédia Britânica, mas menos que 0,5% destas buscas levam, de fato, aos sites da Britânica, disse ele. Mesmo assim, Cauz está otimista com o fato de a empresa ter mantido sua lucratividade, apesar do seu ranking baixo das pesquisas do Google.
"Nós estamos colocando mais conteúdo gratuito na internet para, assim, conseguirmos atrair aqueles que buscam conhecimento casualmente", afirmou.
A empresa já tirou outras páginas do livro da Wikipédia. A Britânica permite que seus leitores façam inclusões nos artigos da enciclopédia, que são, então, publicados pelos editores após um processo de revisão.
A Wikipédia não estava disponível para comentários na terça-feira.
Cerca de 500.000 lares assinaram para poder acessar o conteúdo completo da Enciclopédia Britânica, e mais de 100 milhões de pessoas têm acesso à enciclopédia em escolas, livrarias e universidades, disse a Britânica.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...