quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O tempo em que mandávamos e recebíamos cartas, as piadas da Playboy e o nascimento de um escritor

 


Peguei a reta final do universo das epígrafes, ali pelos anos 90, 2000 (sim, pois daí em diante foi sobrevida).

Ainda criança, tinha o vício da acumulação, do colecionador de tudo (que troquei pela Literatura, tempos depois. Hoje não tenho apego nem a meus livros impressos). Enviava carta para todo lugar que dissesse “receba grátis nosso catálogo”, “receba grátis nosso informativo” etc.

Para além disso, eu já era um escritor, sem saber, sem ninguém me avisar. Mas, como era isso? Eu comprava em banca revistas de piadas da Ediouro, publicações populares na época. Nelas, se dizia que quem enviasse piadas que fossem publicadas, ganharia brindes (mais revistas). AQUI me tornei escritor: Eu copiava e REESCREVIA, com outras palavras, nomes e até transcursos, piadas que vinham na página final da revista Playboy (como eu as conseguia, as Playboys? Ora, eram os anos 80/90, valia de tudo).

O engodo infantil funcionou umas três ou mais vezes, e ganhei diversas revistas. Mas também um “presente” inesperado: O editor colocou num editorial o meu nome e idade, dizendo que “eu era um jovem leitor do RJ e que desejava fazer amizades via cartas”. Não sei de onde diabos ele tirou aquilo. Eu, fazer amizades via cartas? Eu ainda era moleque rueiro, e tinha amigos e inimigos que bastavam. Mas o resultado foi que passei a receber cartas, esparsas, de todo o Brasil. Nessa brincadeira, arrumei uma namoradinha virtual (epa, na época era epistolar) em Minas Gerais, e outra no Rio Grande do Sul. Meninas de minha faixa, 11, 12 anos. Trocávamos fotos, e eram bonitas, as princesinhas.

Bem, bateu até uma saudade aqui, de quando enviávamos - e recebíamos - cartas. Que bom ter vivido aquela época!


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