Poeta já
nasce metáfora: nem é homem, é bruma
Detesta comparação:
sua carne é tal como purpurina
Casa antíteses,
juiz de paz de terra e céu
Dispara metonímias
lendo Drummond e Gullar
Mata catacreses
ao dar nome ao que não o tem:
Braço de
sofá vira espuvelo, assim, na caraça
Celebra paradoxos,
esses desconstrutores criativos:
Como
encher de vazio um balão vazio?
Faz tudo
dialogar em prosopopeias, a caneta chora, o chapéu gargalha
É bicho todo
trabalhado na sinestesia: degusta a paisagem, ouve seus aromas
Radical,
rima o rumo dos versos em aliteração
É um babaquara
da assonância, um papa-vatapá
Desafios
opera o poeta em hipérbatos
Faz rir nas onomatopeias,
feito garnizé cocoricó
Desce pra
baixo do mar molhado em seu submarino, o pleonasmo
É polissíndeto:
É alegre e loquaz e terno e carmim
Mas tem lá
seus momentos assíndetos: solitário, introvertido, fujão
Viaja em anáforas:
se eu voasse, se eu pudesse, se eu sonhasse, se...
“Quero
morrer de tanto versejar”, vocifera, hiperbólico
“Ou bater as
botas de mui cantar”, solfeja em eufemismo e preciosismo
Dias há em
que escreve com a delicadeza de uma mula (opa, contém ironia!)
Outros em
que lança os versos pela janela com um lacônico “Que tédio!” em apóstrofe
Nesse jogo
de encanta e cansa, o bardo executa sua dança
E nos diverte
com sua graça, humano que é, esse figuraça...
Criei este poema para ajudar estudantes – do aluno do Fundamental ao
concurseiro – a aprender se divertindo e, claro, para ajudar também a
professores. Se você curtiu, compartilhe o poema para que ele possa divertir a
mais necessitados!
Este poema obteve o segundo lugar nacional no Concurso Paulo Setúbal de Literatura 2024 (Tatuí - SP). Obteve ainda menção honrosa no 47º Concurso Literário Felippe D’Oliveira (Santa Maria - RS).
Assista ao vídeo da premiação e dramatização do poema, no Concurso Paulo Setúbal:
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