segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

De férias com Nintendinho 3: OUTROS cinco jogos "um homem, uma missão" para você detonar



"Um homem, uma missão". Sob esse tema ou mote surgiu esta dinastia de resenhas baseadas em jogos - em geral, de plataforma/ação - do NES, que, indo dos desconhecidos aos não tão conhecidos, elenca jogos bons, que merecem sua dedicação nestas férias, ou em qualquer dia vago do ano.
Quando penso em um homem e sua missão, recordo o herói bíblico de nome Samá. Listado como um dos três valentes (generais) do Rei Davi, Samá, em certa oportunidade, viu-se, junto a alguns de seus companheiros, cercado por diversos inimigos em um campo de lentilhas. Eles provavelmente destruiriam a lavoura, no objetivo de trazer fome a seus inimigos. Os demais judeus, contemplando os adversários em maior número, não pensaram duas vezes e bateram em retirada. Samá deveria ter tomado o mesmo destino. Mas ele entendeu o campo de lentilhas como a sua missão. E ali Samá permaneceu. Rogando ajuda do Senhor e enchendo-se de uma potência bélica sobre-humana, Samá ofereceu combate e eventualmente derrotou a dezenas de adversários, contra todos os prognósticos da Terra ou do inferno! Sua história pode ser lida num pequeno trecho bíblico de Samuel 23:11,12. Esse valente bem merecia um jogo, hum?
Um game de ação clássico de NES é assim: era e ainda é preciso uma habilidade quase sobre-humana para trombar seus apuros. E são esses games que nos interessam aqui. 
Agora chegamos à terceira edição de nossa resenha e, se você leu as anteriores, sabe o que esperar. Games de ação direta, sem muita enrolação, sem lhe pôr a perder em RPGs ou labirintos demasiados (como em 8 Eyes), pois quem tem uma missão tem pressa. Bora!



Dragon Fighter:
Em Dragon Fighter, jogo da Natsume/Sofel surgido em 1990, você é um finado guerreiro lendário do reino Baljing que, após ter seus domínios atacados e arrasados pelo feiticeiro Zabbaong, ganha vida (o guerreiro ou só a estátua?) pelas mãos da divindade protetora dos Baljinguenses, o Espírito do Dragão. Agora você deve caçar e obliterar Zabbaong em seu próprio covil, o Monte Gia.
De cara o destaque: o jogo apresenta duas barras de energia; a  primeira mede seu life (sangue), e a segunda é a barra que mede seu poder de mutação. Sim, pois quando a barra chega a certo nível (não precisa completar, basta começar a piscar), você pode se transformar num dragão (pulo + direcional para cima). E a transformação pode ser desfeita livremente. Mas se tem barra de energia, já sabe: o tempo é limitado, por isso, aproveite bem o poder. A barra é enchida a cada inimigo abatido (menos no caso de abatê-los usando o tiro carregado).
Como é a característica do console e da época, o desafio é considerável. Some-se a ele a existência de apenas três continues, a ausência de passwords e está posto o perrengue.
A sua espada "carrega", pressionado e segurando o soco, emitindo disparos conforme o powerup da vez. Boneco azul, disparo reto; vermelho, bomba de caída. E o powerup da vez também altera o tiro do dragão.
O perrengue das plataformas, a andança, o prazer de chegar ao final da fase, entender a lógica do chefão e derrotá-lo, está tudo aqui. Com direito a ótimo shmup na última fase, e um belo, belíssimo final, ainda que sem palavras.




Time Diver: Eon Man
- Você conhece o personagem da DC, Gladiador Dourado? Quando surgiu, nos anos 90, era só um personagem de descarga cômica, até que bem inócuo e até idiota, da Liga da Justiça. Em anos recentes, ganhou maior importância ao participar centralmente de sagas importantes. Pois bem: No game Eon Man (Taito, 1993) você joga com um viajante do tempo que é a cara do Gladiador, da cabeleira loura ao uniforme, passando, claro, pelo poder de viajar no tempo. E aqui o bagulho é doido: Você precisa transitar do ano 1993, contemporâneo do game, a 1882, tempo do faroeste; até 2052, precisando detonar os adversários e resgatar outros operativos... que são, na verdade, seus ascendentes e descendentes! Paradoxo total. E tome desconcerto: Mesmo estando pronto, este jogo nunca foi realmente "lançado" em sua época. Vai entender... Mas logo a rom, original ou alterada, passou a circular. Nesse rolo todo, muita gente nunca jogou, ou sequer conhece, o (bom) game.
O lance é que, no futuro, o cientista Kane Nelson inventou um aparato fantástico que praticamente pôs fim ao crime, o Sistema Clear. Mas uma gangue de prejudicados, os Romedrux, resolveu agir, e a única alternativa de impedir a eclosão da Skynet, perdão, do Sistema Clear era voltar no tempo. Os pilantras voltam a 1993, tentando detonar o pai de Kane, o então jovem Dan Nelson. Escapando por um triz e entendo todo o lance, o jovem se apresenta como paladino da família e parte em sua aventura temporal, buscando salvar tanto seus ascendentes quanto seu descendente, Kane.
Armado com um soco energético, a cada avanço de fase, em geral, o personagem ganha um novo poder. Onda de choque, poder aero rotativo (fundamental para "penetrar" no solo), terremoto, mecanismo de paralisar o tempo... Mas esses tiros são contados, e repostos via powerups que os adversários deixam ao partir.
Um homem, uma missão e um tempo - pequeno demais para contê-lo. Vem forte que o desafio nem é tão grande assim, mas compensa.


 
Conquest of the Crystal Palace - Tudo ia bem no belíssimo Reino do Palácio de Cristal. Até que o maligno Zaras se apossou do trono. No massacre que se seguiu, apenas Farron, o príncipe - um meninho -, e o cão guardião Zap conseguiram escapar. Zap aguarda até que, com Farron já adolescente, lhe revela tudo o que sucedera. E lhe entrega um dos três cristais mágicos, fontes de poder para quem os possuir. Assim, compete a nosso herói retomar o trono que a ele pertence por direito, e se apossar das demais joias de poder. Aqui nosso lema "um homem, uma missão" ganha um upgrade, com o providencial apoio canino. Melhor assim, soldado!
Com belíssimos gráficos e um desafio poderoso, podemos dizer que este game é uma das joias do NES, tendo sido publicado pela Asmik em 1990.
A jogabilidade é a esperada de uma game de ação e plataforma. Farron segue avançando por cinco reinos encantados, numa sucessão de palácios e ladeiras de tirar o fôlego. Ao partir, os adversários deixam moedas, muito úteis no shop (ao libertar uma donzela que surge no meio das fases, ELA é o shop). O seu cão, o Zap, possui uma barra de life como a sua, e se morrer, ele só volta caso você lhe compre "energia" no shop. Mas, vivo, é uma excelente ajuda, atacando os adversários sem pena e no automático, embora pratique manobras algo suicidas... Você sabe como eram as IAs nos anos 90. Farron empunha uma espada simples, mas a mesma pode ser upada temporariamente, lançando rajadas. E você ainda pode alternar entre disparos de energia variados, que você pega dos adversários derrotados, ou, mais acertadamente, compra na loja. Dica preciosa: Quando a neve cair, acumule moedas... Aliás, acumule moedas no que puder. E cuida, pai: Ao perder uma vida, você volta sem as armas extras.
Os chefões oferecem um combate encarniçado, compensando a não grande extensão do jogo. Ah, e lá em riba eu falei sobre labirintos, né. Bem, aqui, na última fase, pode ser que você sofra um pouco; mas, embora já com barba grisalhando como a minha, de coração você ainda é jovem, e vai crescer com a dor que passar. Faça essas férias valerem a pena, soldado!



Cross Fire
- Este run and gun é um jogo para os dias de hoje. E este é um jogo para você, soldado. Digo assim não só pela torrente de chumbo que flui com força das telas e fases de Cross Fire, mas pela trama do game. Uma trama, digamos, bastante sofisticada, e infelizmente possível de acontecer no mundo atual. Diversos cartéis de drogas dominam várias partes do mundo. Com uma certa especialização: Cocaína na Colômbia, ópio no Afeganistão, anfetaminas na Europa... Um dia a ficha dessa cachorrada cai e o crime organizado se organiza de facto: Resolvem se unir e formar uma megacorporação narcótica global. Sua missão, ou melhor, a de Eric, o protagonista, é desfazer os canalhas e suas tramas - direto na(s) fonte(s). 
Seu boneco começa habilitado com mão pura, a primeira e mais formidável (?) das armas humanas. Mas nem só: direcional e soco para cima, e o bitelo lança granadas no teto ou nos inimigos em segundo plano. Mas logo você pega armas, feito um jogo de Contra: Fuzil linear, lança mísseis múltiplo, tiro que abre em leque feito escopeta (ou aquele tiro vermelho de Contra). Eles são deixadas pelos adversários, ou, o que é mais certo, encontradas ao quebrar caixas. Falando em Contra, o game é justamente uma mistura acelerada de Contra e G. I. Joe. 
A cada fase é preciso "desabilitar" da existência soldados, veículos - tanques, submarinos, helicópteros e o que vier - canhões, torres e casas-mata. Logo um chefão veicular se apresentará, mas atenção: Não é o fim, após ele a fase segue adiante, até que seu operativo seja resgatado no ponto de extração. Parece até um episódio de Navy Seals. E o seu trabalho é o de um Seal: Infiltração, "limpeza" e sabotagem. A cada fase, é preciso invadir e detonar as instalações inimigas. Mas lembra do lema? UM (só) homem, uma missão. A equipe Seal é você sozinho, fera.
Fique atento, o ritmo frenético do jogo é proposital, com chumbo aleatório brotando como que do ar; e a todo instante, em todas as telas, há pontos quentes onde entulhos e outras tranqueiras (pedras, caixas, cocos etc.) caem sobre sua cabeça. Atire rápido para cima! Mas sem correr, pois assim será impossível sobreviver. É eliminar os inimigos de um em um, ou nada.
As operações ocorrem em diversos teatros de batalha ao redor do mundo. Das selvas  do Vietnã a um porto em Vladvostok (Rússia), das ruas de Praga (Rep. Tcheca) passando por ruínas no Afeganistão a um trem em plena Colômbia (desta fase você nunca se esquecerá, depois confirme e faça o PIX). Seu personagem, como bom operativo, troca de roupa conforme a missão. Tem horas em que você até esquece que está no oito bits, dada a tensão e o engajamento. Opa, comentário desnecessário: Os oito bits SÃO a casa da tensão. 
Este é Cross Fire, jogaço de 1990 publicado pela pouco conhecida Kyugo. Sim, jogaço, muito difícil, infernalmente difícil,  mas jogaço.
O game possui uma versão para Mega Drive, mas que segue, digamos, um outro (bom) caminho, mesclando shmup de helicóptero com run and gun de visão aérea.



Spartan X 2 - Vamos fechar suas férias com pancadaria? Pois tome o restinho de café e desça sem freio para Spartan X 2.
Um beat 'em up semi-plataformado, com andanças e arrastos na geografia beat: Cidades, metrôs, navios, aviões. Armado de apenas mão pura (você gostou, confesse), na verdade soco e chute, você precisa avançar contra adversários que nem sempre estarão desarmados. Bem, tá na chuva é pra se queimar, já dizia um folclórico dirigente do Corinthians. Spartan X 2 é na verdade a continuação de Kung Fu Master (no Japão, Spartan X), o clássico dos arcades de 1984, e que ajudou a lançar as bases para os jogos beat 'em up. Porém aqui você não busca resgatar sua namorada como no primeiro game, mas, como policial, precisa desbaratar uma quadrilha de margiranhas. Ambos são baseados (livremente, ao menos) no filme Spartan X (no Brasil, Detonando em Barcelona), de 1984, com Jackie Chan e altos companheiros shaolins. Aqui tem história!
Não espere por inovações em Spartan X 2: É trocação pura e simples, com direito a mulheres de moralidade duvidosa armadas com porretes, soldados atacando de skate (!), gorilas (no mano-a-mano é sandice, amiguinho) e outras insanidades. Os chefões nem são valentes quanto cantam ser: É encurralá-los no canto e despejar o Meteoro de Pégaso, que empacotam fácil, fácil. Chefes de gangue, contrabandistas chineses, traficantes de animais: O que vier é seu.
No mais, este game de 1991 da Irem é mediano, e bem curtinho. Então, se você não conseguiu zerar na marra os jogos acima, este aqui tem que ser questão de honra. Não termine as férias sem terminá-lo, soldado!

Sammis Reachers
Leia mais de meus textos em https://linktr.ee/sreachers

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