quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Risiera di San Sabba, o Campo de Extermínio italiano


Em 1938, pressionado por Hitler, o Primeiro-Ministro Mussolini instaurava leis raciais na Itália, dando início a perseguições em todo o território italiano. Muitas pessoas atingidas por estas leis eram perseguidos políticos, além de algumas minorias étnicas. Muitos destes eram executados em território italiano, mas a imensa maioria era enviada aos Campos de Extermínio alemães.
 Com a assinatura do Armistício de Cassibile, em 08 de setembro de 1943, o Reino da Itália não apenas rendia-se formalmente aos aliados, mas também passava a unir forças contra as forças fascistas e nazistas.
 Ao norte da Itália, as regiões de Udine, Trieste, Gorízia, Pola, Fiume e Lubiana, sob controle das tropas fascistas, formaram a RSI – República Social Italiana ou República de Saló, um estado independente, reconhecido formalmente apenas pelos demais integrantes do Eixo. Embora fosse considerado um estado independente, estas regiões eram administradas oficialmente pelos alemães, sob a denominação de “Zona di operazione dell’Adriatisches Küstenland” (Zona de Operações do Litoral Adriático).
 Em Trieste, o antigo complexo industrial da “Risiera di San Sabba” (Construído em 1913, na região de San Sabba, a “Risiera di San Sabba” era uma arrozeira, um complexo industrial destinado ao processamento de arroz) foi transformado em um “Campo de Aprisionamento Provisório”, destinado a manter cativos os militares inimigos capturados, sendo designado inicialmente Stalag 339.
Com o crescente deterioramento de seu controle militar, os nazistas passaram a empregar mais constantemente seus já conhecidos métodos brutais para tentar evitar qualquer espécie de resistência. Ao final de outubro de 1943, o complexo, sob comando do oficial SS Odilo Globocnik (Triestino, de origem Austro-Húngara, que já havia trabalhado em diversos campos de extermínio), foi transformado em um Polizeihaftlager (Campo de Detenção da Polícia). Porém, o que mais tinha nesta penitenciária eram poloneses, eslovacos, iugoslavos, eslovenos, judeus de várias partes da Europa e “personas non gratas” da Itália, que eram deportados para os campos de extermínio da Alemanha e Polônia. Além disso diversos detentos condenados à morte eram ali executados.
 Muitas vezes, buscava interceder em favor aos detentos, junto às autoridades alemãs, o Bispo de Trieste, Monsenhor Santin, que em alguns casos obtinha sucesso (como a libertação de Giani Stuparich e família), mas na imensa maioria não obtinha sucesso.
O método de execução variava, alguns prisioneiros eram fuzilados, outros eram colocados em salas vedadas, onde aram acoplados tubos lugados aos escapamentos dos motores diesel de ônibus e caminhões, que despejavam seus gases no interior da sala, asfixiando os prisioneiros. Também era comum a execução através do golpes de cassetete na nuca.
Nos prédios menores do complexo, existam alguns salões, onde os prisioneiros eram amontoados. Não havia nenhuma espécie de separação, todos eram confinados em um ambiente sem luz e ventilação. Sem nenhuma rede sanitária e água corrente. Estavam lá homens, mulheres, crianças e idosos, que se revezavam para dormir. Os que ficavam de pé tinham de esperar os que dormiam acordar, para então poderem deitar.
Nesses locais, as pessoas morriam de desidratação, fome e outras doenças. São comuns os relatos de 100 pessoas serem amontoadas em uma sala, e depois de 7 ou 8 dias, aparecer um soldado italiano com um balde de água. Ali as pessoas viviam junto com os corpos dos mortos.
No prédio principal, no subsolo, haviam salas de execução. Lá, os prisioneiros eram levados e mortos após horas de tortura. Muitos pais eram presos com os filhos e os filhos ficavam no cativeiro junto a seus país. Na sala de triagem no prédio principal, deixavam as crianças em uma sala à frente onde seus pais eram mortos. Após isso, muitas delas eram despachadas para Campos de Extermínio na Alemanha. Outras, com sorte, iam para alguma família italiana, caso tivesse a intermediação de algum padre.
No lado de fora dos prédios, eram freqüentes os fuzilamentos sumários. Um dos soldados que se negou a atirar em um parente preso, foi condenado à forca na frente de todos os soldados, para que servisse de exemplo. Ocorre que muitos soldados passaram a mostrar indignação ao matar um italiano sem motivo relevante.
A guerra avançava, e então perceberam que o uso de fornos crematórios teria maior eficácia na matança, além de facilitar o sumiço dos corpos. Desta forma, chegou na Itália Erwin Lambert, responsável pela criação de fornos crematórios para os campos de extermínio na Polônia.
O forno crematório foi testado no dia 4 de abril de 1944, utilizando os corpos de 70 pessoas fuziladas aleatoriamente em Villa Opiccina (localidade situada no limite de Trieste),no dia anterior. E assim, começou uma nova produção de mortos em grande escala na Itália.
É impossível determinar um número oficial, mas oficialmente o número de vítimas é em torno de 5000 . Porém, acredita-se, e com razão, que esse número seja muito maior, pois a partir do momento que usaram o forno de forma contínua, muitos cadáveres tiveram um sumiço impossível de se contabilizar. Para alguns pode chegar a 10000, uma vez que os restos desses corpos foram levados pelos alemães em comboios de caminhões para lugares desconhecidos.
O que chama a atenção é que a matança no Campo de Extermínio Italiano se deu de forma rápida para um curto espaço de tempo. De 4 de abril de 1944 a 29 de abril de 1945. É mais um ponto para dizer que o n° de vítimas foi bem maior que os 5000, uma vez que antes da construção, muita gente era assassinada. Sem falar nos casos em que os corpos iam ser buscados pelos próprios familiares.
No dia 30 de abril de 1945, a chaminé do forno foi demolida com cargas explosivas, numa tentativa de tentar encobrir as provas dos crimes cometidos no campo, mas isso por si só não foi o bastante para ocultar as provas, que acabaram por revelar ao mundo, mais uma barbárie impetrada por seguidores fascistas e nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.
 Galeria:
Fontes:

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