segunda-feira, 20 de abril de 2020

Homo Logofrênico, entre o ser e o não-ser



Aqui, mais uma migalha filosófica, se assim o puder, dessas que tenho publicado a esmo e a título de ensaios para um aprofundamento que não sei se virá.

A terribilidade não está em existirmos, mas em termos sido criados. Neste ponto filosofia e teologia se encontram para, cada qual da sua borda do despenhadeiro (metafísico se alguém o quiser), contemplar o abismo do absurdo. Ser criatura, eis a fonte da angústia. Se criadores, nossa resposta estaria no espelho, na (própria ou auto) completude, na não-necessidade fundamental; nossa angústia seria apenas aquela que, por quaisquer motivos, mesmo recreativos, mesmo 'ilusórios', nós criássemos. Mas como criaturas, nossa dependência de algo maior e inapreensível em (sua) totalidade nos debilita desde o berço, desde o primeiro (ao último) raciocínio, sentimento, palavra. 
Ser criado é uma forma intermédia entre ser e não ser; ser (ter sido) criado é angústia. Se o nada não tem palavra nem representação (o que é o nada? Desenhe:), o criador é o Eu Sou, a totalidade além da representação e das palavras. Nós somos palavras e sua(s) patologia(s): Homo logofrênico, aquele que é sem ser, ou o ser que ao fim não é.
Que a re-união final dos crentes em e com Deus equalize nossa miséria. Essa fé, baseada num salto kierkegaardiano e baseada em 1Co 13.12, "Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.", me sustentou desde minha conversão até aqui.

Sammis Reachers

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