Aqui, mais uma migalha filosófica, se assim o puder, dessas que tenho publicado a esmo e a título de ensaios para um aprofundamento que não sei se virá.
A terribilidade não está em existirmos, mas em termos sido criados.
Neste ponto filosofia e teologia se encontram para, cada qual da sua borda do despenhadeiro
(metafísico se alguém o quiser), contemplar o abismo do absurdo. Ser criatura,
eis a fonte da angústia. Se criadores, nossa resposta estaria no
espelho, na (própria ou auto) completude, na não-necessidade fundamental; nossa angústia
seria apenas aquela que, por quaisquer motivos, mesmo recreativos, mesmo 'ilusórios', nós criássemos.
Mas como criaturas, nossa dependência de algo maior e inapreensível em
(sua) totalidade nos debilita desde o berço, desde o primeiro (ao último)
raciocínio, sentimento, palavra.
Ser criado é uma forma intermédia entre ser e
não ser; ser (ter sido) criado é angústia. Se o nada não tem palavra nem
representação (o que é o nada? Desenhe:), o criador é o Eu Sou, a totalidade além da
representação e das palavras. Nós somos palavras e
sua(s) patologia(s): Homo logofrênico, aquele que é sem ser,
ou o ser que ao fim não é.
Que a re-união final dos crentes em e com Deus equalize nossa miséria.
Essa fé, baseada num salto kierkegaardiano e baseada em 1Co 13.12, "Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.", me sustentou desde minha conversão até aqui.
Sammis Reachers
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