Escrever sobre games não é bem a minha praia. Não posso ser classificado entre os gamemaníacos, pois desde há muito sou apenas um jogador esporádico. Para você ter uma ideia, em termos de console, parei no PS2 - embora tenha um Recalbox repleto de emuladores.
Mas, nesses tempos vaguíssimos de quarentena, outro dia eu estava vendo, num site de uma marca de energéticos (?!!) bem conhecida, um post sobre um dos tipos de jogos que mais aprecio, bom filho das décadas de oitenta e noventa que sou: Os beat'em ups. Que, para quem não sabe, são os tradicionais (e hoje cada vez mais raros) jogos do "andar e bater". Força nas canelas para tanta andança, nos punhos para distribuir, sempre democraticamente, tantos socos (quem já se envolveu em pancadarias significativas sabe que os punhos muito usados ficam doloridos até a dormência, mas irmãos, não falemos disso aqui...), e força na carcaça para aturar tanta pancada advinda de tanta gente malvada. Força ou fichas, muitas fichas...
Bem, o tal post listava os beat'em ups clássicos dos clássicos, aqueles os melhores, os que todo mundo na época jogou ou ao menos ouviu falar. Do inigualável Final Fight até a ótima cópia da Sega, o Streets of Rage; do quarteto de audazes de Captain Commando (meu beat' preferido) ao quarteto mutante TMNT, as Tartarugas Ninja.
Pensando nisso, e de posse de meu "possante" Recalbox, a tal caixinha do tamanho de uma carteira de cigarros e que contém dezenas de emuladores, resolvi revisitar e listar alguns ótimos ou ao menos bons beat'em ups "que ninguém jogou" - aqueles que ou sequer chegaram em peso aos fliperamas do Brasil, ou, se chegaram, tiveram muito pouca permanência ou aceitação.
Baseei minha seleção consultando a memória - dos poucos de que me lembrava - e principalmente as muitas rooms disponíveis em emuladores como o Mame, o Libretro e ainda o Neo Geo. Vamos lá?
Karate Blazers. Este jogo da Video System data de 1991. Nele, é possível escolher entre quatro personagens (oba, já levou um ponto), e mergulhar numa pancadaria frenética, como deve ser.
Os pontos fortes do jogo: Jogabilidade acelerada - chega a ser incrível a velocidade com que os personagens socam os oponentes, principalmente o personagem Akira. Possibilidade de chutar os oponentes caídos. Bom balanço entre força/velocidade: Neste quesito, muitos e muitos beat'em ups pecam, pois todos os personagens, não importa seu "tamanho", parecem ter o mesmo poder de dano. Não aqui: O personagem mais forte derruba os inimigos com uma única voadora, o que não acontece com os demais. Por ser mais forte, o tal personagem tem o golpe especial menos expansivo. A voadora é um quesito diferencial do jogo: Ela é ativada apenas pressionando o botão de pulo, não sendo necessário apertar o "soco" também. Há um movimento (creio que baixo-frente-cima + pulo) em que o personagem dá uma voadora a grande velocidade e de maior alcance. Ah, e a cereja do bolo: A possibilidade de jogar com os quatro personagens, ao mesmo tempo.
Os pontos fortes do jogo: Jogabilidade acelerada - chega a ser incrível a velocidade com que os personagens socam os oponentes, principalmente o personagem Akira. Possibilidade de chutar os oponentes caídos. Bom balanço entre força/velocidade: Neste quesito, muitos e muitos beat'em ups pecam, pois todos os personagens, não importa seu "tamanho", parecem ter o mesmo poder de dano. Não aqui: O personagem mais forte derruba os inimigos com uma única voadora, o que não acontece com os demais. Por ser mais forte, o tal personagem tem o golpe especial menos expansivo. A voadora é um quesito diferencial do jogo: Ela é ativada apenas pressionando o botão de pulo, não sendo necessário apertar o "soco" também. Há um movimento (creio que baixo-frente-cima + pulo) em que o personagem dá uma voadora a grande velocidade e de maior alcance. Ah, e a cereja do bolo: A possibilidade de jogar com os quatro personagens, ao mesmo tempo.
Pontos fracos: Não há "balão", ou agarramento com lançamento. O personagem no máximo agarra rapidamente o oponente e lhe dá um soco com grande impulsão; os chefões de fase são um tanto quanto fracos; o inimigo final deixa muito a desejar.
Blade Master - Deste "desconhecido" beat'em up no estilo Dungeons & Dragons e King of Dragons eu nunca vejo falarem nos posts ou mesmo nos (muitos) vídeos sobre o tema. Injustiça! O jogo, criado pela Irem em 1991, possui belíssimos gráficos e oferece uma pancadaria divertidíssima. Podendo escolher entre dois jogadores (o clássico guerreiro com suas espadas e um grandalhão com uma baita lança), a aventura é bem longa e se desenrola num desses mundos fantásticos bem ao estilo D&D.
Pontos fortes/diferenciais: Como já referi, os belos gráficos em geral, no que ele é certamente um dos melhores do gênero; os chefões, que são muito bem bolados/desenhados, e esse é um ponto que sempre me agrada muito em jogos, sejam de plataforma, beat'em up ou shooter (nave). Ah, também a possibilidade (que neste jogo é fundamental) de subir sobre os chefes e subchefes caídos para golpeá-los.
Pontos fracos: Não há "magia" ou golpe especial, o que de certa forma é compensado pelo fato de as armas dos personagens serem apelonas, já contando com a emissão de poderes, como quando você dá a voadora (pulo + soco) colocando o direcional para baixo, no estilo do "cravadão" do Golden Axe, golpe por sinal presente em muitos outros beat'em ups. Embora haja ainda o golpe contrário (pulo + soco + direcional para cima), não há outros movimentos especiais, como "corridinha" ou agarramentos/balões. Mas isso é comum em beat'em ups baseados em armas brancas (espadas etc.).
Pontos fortes/diferenciais: Como já referi, os belos gráficos em geral, no que ele é certamente um dos melhores do gênero; os chefões, que são muito bem bolados/desenhados, e esse é um ponto que sempre me agrada muito em jogos, sejam de plataforma, beat'em up ou shooter (nave). Ah, também a possibilidade (que neste jogo é fundamental) de subir sobre os chefes e subchefes caídos para golpeá-los.
Pontos fracos: Não há "magia" ou golpe especial, o que de certa forma é compensado pelo fato de as armas dos personagens serem apelonas, já contando com a emissão de poderes, como quando você dá a voadora (pulo + soco) colocando o direcional para baixo, no estilo do "cravadão" do Golden Axe, golpe por sinal presente em muitos outros beat'em ups. Embora haja ainda o golpe contrário (pulo + soco + direcional para cima), não há outros movimentos especiais, como "corridinha" ou agarramentos/balões. Mas isso é comum em beat'em ups baseados em armas brancas (espadas etc.).
Metamorphic Force - Trata-se simplesmente de um dos mais divertidos/enlouquecidos beat's de todos os tempos. Se ainda não jogou, corra! O jogo surgiu em 1993, sendo um rebento da rainha Konami. Teve pouquíssima circulação em fliperamas: Eu mesmo, grande rato de fliperamas na década de noventa, o havia visto apenas uma única vez. Seu conceito é, por si só, se não revolucionário, ao menos surpreendente: Quatro guerreiros humanos avançam combatendo feras antropomórficas, sendo que eles também, os humanos, transformam-se em poderosas feras! Com gráficos belíssimos e hiper coloridos, somos convidados a combater num mundo mágico, repleto de objetos e signos místicos, baseado (mas não apenas) na mitologia grega.
Pontos fortes do jogo: Excelente velocidade de movimentação. Capacidade de golpear os adversários no chão. Chefão final com três transformações, o que torna mais interessante o desafio. O jogo é enriquecido ainda com duas fases bônus, uma que lembra o lance de destruir o carro em Final Fight, e a outra que lembra muito a fase dirigindo o Cadillac (e atropelando os vacilões), em Cadillacs and Dinosaurs. Outro ponto interessante é a questão da distribuição de força entre os personagens, com dois mais leves e ágeis e dois mais lentos e fortes; sendo que apenas um dos fortões possui lançamento "extra" (aéreo) utilizando o botão de pulo (aqui em São Gonçalo chamamos esse golpe de jogadão ou pilão ou até mesmo sheik), movimento neste jogo facilitado por ter que se apertar apenas o botão de pulo, sem necessidade de seguir com o de soco, algo incomum nos beat's que possuem tal movimento (como Final Fight e Captain Commando, dentre outros).
Pontos fracos: Praticamente nenhum, a meu ver. Salvo que, na forma humana, além dos movimentos mais lentos e fracos (claro, a ideia do jogo é justamente que os humanos se tornem bestas de combate!), não é possível realizar agarramentos.
BEAT'EM UPS DO (UNIVERSO) NEO GEO
A plataforma/console Neo Geo foi, por quase uma década, o sonho máximo de consumo de todo gamemaníaco, e mesmo dos que não chegavam a tanto. O fato de o console nunca ter sido produzido ou vendido "oficialmente" no Brasil pela sua produtora, a SNK, só dificultava e encarecia a realização do sonho da galera. O bichinho tinha que ser importado, seja de Miami ou do Paraguai...
Acontecia, de certa forma, o mesmo com as placas de fliperama baseadas no Neo Geo: Muitos lugares, muitos fliperamas, nunca viram um beat'em up do universo Neo Geo.
O Neo Geo, infelizmente, possui muito poucos beat's em seu plantel. A galera aficionada no console geralmente elege como o melhor beat' do Neo Geo o Sengoku 3, embora muitos prefiram o 2. São realmente fantásticos.
Ninja Combat - Mas vamos falar aqui do talvez primeiro beat' do console: O tosco, muito tosco, e por isso mesmo divertido!, Ninja Combat, de 1990, fabricado ou parido pela Alpha. Não confundir com o Ninja Commando, que é parecido e bastante divertido com sua aventura transtemporal, mas está na categoria shooter, pois é baseado puramente em tiros (no caso, shurikens e kunais). Ninja Combat também utiliza tiros curtos com alguns personagens, mas realiza uma estranha fusão entre tiros e pancadas, pois é possível apanhar armas brancas pelo caminho. As armas são uma tosquera à parte do jogo: Grandes demais para o tamanho dos personagens, talvez propositadamente, o que, novamente, faz a bagunça toda ficar mais divertida. O jogo antecipa também um modo de aquisição de personagens que depois veio a se repetir em outros jogos: Você luta com alguns oponentes, que depois se unem à sua jornada, sendo também selecionáveis.
Pontos fortes: A cada fase você tem a opção de mudar de personagem, o que seria uma boa em outros beat'em ups, não? O boneco tem um método automático de golpear os adversários que estão atrás dele, o que facilita um pouco quando você está encurralado.
Pontos fracos: Salvo os dois personagens iniciais/principais, os outros três selecionáveis durante o jogo não podem apanhar as armas brancas. Ah, e vamos "abrir o jogo": o game tem algo de escroto, de porco mesmo; e não diga que é pelo tempo, pois na época eu já o jogava e achava isso... A forma quadrática e terrível de os bonecos se movimentarem, golpearem... a cara de tacho deles, enfim... Mas, é exatamente por isso que você deve jogá-lo: Um dos beat'em ups mais tosqueras de todo o grande sempre, inigualável!!! Se há o troféu Framboesa de Ouro para os piores filmes, eu proponho o troféu Ficha Engolida para não os piores, mas os tão piores que chegam a ser bons. Tipo cult, saca?
* * * * *
Ao encerrar este breve artigo, recomendando logo o beat tosquera do Neo Geo, não poderia deixar de citar alguns outros (estes, ótimos) jogos do console, como Mutation Nation com sua estética futurística distópica & enlouquecida (e um método de especiais divertido); e mesmo Robo Army, um bom jogo com alguns senões, mas pelo qual nutro algum saudosismo. Explico: Em tempos de primeira adolescência havia um fliperama "secreto" aqui na região (bairro do Arsenal), pouco conhecido até mesmo entre os "viciados": O bar do seu Djalma, com duas máquinas especiais: uma com um Mega Drive dentro (o jogo nessa cabine era por tempo - no caso, míseros quinze minutos - novidade na época), e outro com um Neo Geo, e foi em tal máquina que pude conhecer muitos jogos da plataforma, de outra maneira inacessíveis. Zerar Robo Army me custou sempre muito dinheiro, dinheiro suado...Sammis Reachers
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