Criação do escritor inglês J. M. Barrie, datado dos primeiros anos do século XX, Peter Pan nasceu como novela. Pouco tempo depois foi adaptado para o teatro e, mais à frente a um livro infantil: e é deste a narrativa que ganhou o mundo. Nela, Peter Pan é um jovem que se recusa a crescer e que, junto à fada Sininho e amigos, vive aventuras mágicas num lugar providencialmente chamado de Terra do Nunca. Neste mundo fabuloso, Peter e seus amigos enfrentam desafios e combatem piratas como o Capitão Gancho.
Colorido e com grandes sprites, Hook é um divertidíssimo beat em up, lançado pela IREM para os arcades em 1992.
Narrando a história de Peter Pan e seus companheiros (os Garotos Perdidos), e sua luta contra o Capitão Gancho e sua horda, você embarca numa aventura cujo objetivo é resgatar os filhos de Peter, sequestrados pelo Capitão. O jogo permite que se escolha jogar dentre nada menos que cinco personagens: Peter (armado com uma espada), Rufio (duas adagas), Ace (um belo martelo/tacape) e Pockets (uma... bola!). Ah, e temos o gorduchinho do Thudbutt, que combate com os bons e jamais ultrapassados punhos. E, como nos melhores beats, você pode jogar com até quatro jogadores simultâneos na tela. Sim, é festa no fliperama que chamava, meu amigo!
Peter, claro, é o melhor jogador, o mais balanceado. Os demais possuem vantagens e desvantagens, a serem devidamente exploradas - pois este é um dos pontos de engajamento de qualquer beat que se preze.
Em termos de golpes que, ouso dizer, talvez seja o principal quesito na diversão proporcionada por um beat' em up, Hook honra a nobre família: Temos agarrão, joelhadas (aqui quatro, ao contrário das três regulamentares no mundo beat); salto com adversário e possibilidade de manobras neste movimento, como lançar o adversário para longe ou perto (facultado a todos os cinco personagens), e ainda o golpe "meio" pilão (agarrando o personagem, pulo + soco + direcional para baixo). E mais: Temos voadora comum e o cravadão (a expressão surgiu com Golden Axe), que é o golpe atordoante feito com pulo + soco + direcional para baixo. E ainda mais: Podemos bater nos adversários caídos, tanto nos aproximando quanto pulando sobre eles e golpeando. Há ainda o golpe rápido de concussão (um C para a frente + soco), não muito espalhafatoso ou forte, mas quebra o galho - ou alguns queixos.
Um quesito todo especial são os especiais espalha-brasa, divertidos, como o do Ace, que convoca pinguins para uma hilária dança com ele, e apelões, como o especial de Pan, que alcança meia tela. Para fechar as riquezas de um beat raiz, temos o lançamento que finaliza os combos (quando socamos o adversário e, colocando o direcional para baixo, o agarramos e lançamos em sequência). Assim como no papai Final Fight, Hook permite o lançamento para trás de seu personagem (direcional para baixo + soco) ou para a frente (direcional para cima + soco). A única ausência é a corridinha. De toda forma, essa fartura de golpes já torna o jogo obrigatório para o fã dos beat 'em ups.
Olha ele aí, a "dança dos pinguins pancões", um dos especiais
mais hilários do mundo dos beats...
O jogo parece fácil, mas o life dos personagens não é grande coisa, o que geralmente acaba causando sua partida prematura do rude mundo dos piratas. E alguns dos personagens, como Ace ou principalmente o pequenino Pockets, por terem o alcance de seus golpes bastante reduzido, podem trazer alguns sopapos a mais pra sua conta, meu heroico leitor.
Os cenários são belíssimos, todos focados na ambientação de portos e navios. Diversos deles apresentam itens interativos, como âncoras que você pode derrubar sobre os adversários, fogareiros que podem ser tombados nas pelancas dos piratas e etc. No quesito armas, não há muita diversidade, mas podemos contar com lanças, pedras, bumerangues, bombas, e até uma linda maça para amaciar os crânios. Ah, a rainha do baile: Uma colmeia (!), que após atingir o adversário (o que já causa dano) ainda o faz ser fustigado por um enxame de abelhas.
Hook é um divertidíssimo beat, figurando entre os clássicos do gênero. No entanto, apesar de muito bonito e divertido, ao final da jogatina ficamos com a sensação de que faltou algo (e quantos bons jogos nos deixam com essa sensação, hum?). Seria necessário maior dificuldade, dirá um; menos espalhafato, menos presepadas, dirá com mais razão um outro; menos itens coletáveis, ou maior espaçamento entre a aparição deles, dirá um terceiro. Talvez a soma destes três quesitos.
O jogo foi lançado no rastro do filme Hook - A Volta do Capitão Gancho (1991), dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg e que fez sucesso com seu grande elenco (Robin Williams, Dustin Hoffman, Julia Roberts). Outros games vieram na leva (todos com o mesmo nome, sem nenhum acréscimo: Hook), como um jogo de puzzles para PCs, e jogos de plataforma para NES, Game Boy, SNES e Mega Drive.
A história de Peter Pan, como menino que não deseja crescer, nos leva a diversas e oportunas reflexões. O desejo de imortalidade, e o desejo de habitar o paraíso, são intrínsecos ao coração do homem. A Bíblia afirma mesmo que "Deus colocou no coração do homem o desejo profundo pela eternidade" (Eclesiastes 3:11).
O autor de As Crônicas de Nárnia e de diversos outros livros, C. S. Lewis, costumava dizer: "Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta Terra pode satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo". Sim, nossas angústias, o vazio que sentimos em maior ou menor grau em nossas vidas, são decorrentes de nossa condição de afastados de Deus, de seres caídos, herdeiros do pecado de Adão, vivendo o-que-não-era-pra-ser num lugar que não-era-pra-ser. Ao contrariar os preceitos divinos, Adão, o primeiro homem, foi expulso do paraíso, e herdou "de quebra" a morte. Sim, fomos feitos para viver para sempre, e para sempre no paraíso! Mas, incapazes de restabelecer nossa ligação com o Criador de todas as coisas, coube a Ele mesmo providenciar um resgate: O preço que deveria ser pago, mas o qual nenhum homem poderia saldar, foi pago por Cristo.
"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram. [...] Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa;
porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e
o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos" (Romanos 5:12-21).
De alguma forma, somos todos Peter Pan's, e podemos alcançar nosso verdadeiro lar e nosso real status de eternidade ao crermos simplesmente em Jesus Cristo. Lembra que eu disse que o preço a pagar pela religação com Deus era alto demais, alto demais para as forças de qualquer homem? Pois bem, a religação, não podendo ser paga ou comprada, nos foi DADA, PRESENTEADA. Basta crermos em Jesus Cristo, em sua vinda, morte e ressurreição, para termos direito a herdar com Ele todas as coisas.
"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Romanos 10:13).
“Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?’" (João 11:25-26).
Sammis Reachers
Para mais matérias, dicas e resenhas sobre o universo dos jogos antigos (ou nem tanto), acesse a Revista Muito Além dos Videogames: https://muitoalemdosvideogames.com.br/
2 comentários:
Muito bom meu querido irmão. Excelente texto e mais um game que preciso conhecer. A mensagem ficou muito clara, graças a Deus por Jesus e a vida eterna que nos dá. Parabéns e que Deus continue abençoando. Se Deus quiser este texto vai para uma revista. 😊👏🤝📖✝️🕹️🎮📚✍️
Meu querido irmão Luiz, realmente devemos ser gratos por recebermos tão maravilhoso presente - a salvação e restituição de nossa condição original - cuja simplicidade é tanta que a própria Bíblia chega a referir-se a ela como "a loucura da cruz".
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