sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL NO RECIFE



Neste natal,
uma pitombeira em flor bordeja
a minha janela.
A desarrumação climática
não impediu os tabuleiros
de mangabas, a abundância do côco-verde
e da manga-espada.


Nas ruas, frutas doces,
frutas cítricas anunciadas
em pregões pelos mercadores:
jambos, rosa e carmim,
cajus, cajás, jabuticabas.


O tempo, advindo
sobre o Recife, não
modificou tudo,
mas em vão esperei
pelas chuvas de caju
que marcavam nossos dezembros.


O sol, quase ácido,
esmorece minha vontade,
os rios, caudalosos
refletem antigas
casas assombradas.


Recife,
saudade é uma palavra
que desliza suave sobre ti;
do tempo
em que tinha medo
de tudo, quase,


mas é doce o meu coração de menina
e guarda uma esperança
que nunca termina.


Julia Lemos

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