Em Nekketsu Oyako, jogo de 1994 para PlayStation, a Tecno Soft, contrariando a onda poligonal que fez explodir o console no orbe, resolveu arriscar a sorte ou as fichas num beat 'em up old school, velha guarda.
O game, que permite até dois jogadores, rende o obrigatório tributo aos ícones do gênero como Final Fight e Streets of Rage, bem como a outros como Vendetta. Então não espere "inovações" ou o frenético ritmo de blitzkrieg (guerra-relâmpago) de Panzer Bandit, por exemplo, outro grande beat 'em up do console. É old school na máxima potência.
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Um beat sem a fase da "ponte chumbo quente" nem deveria existir... |
São três personagens, igualmente clássicos: O fortão e pai-de-família Rando, a cara do Haggar de Final Fight. Seus movimentos seguem o mestre: Corridinha com ombrada; pulando com soco e colocando o direcional para baixo, o bruto abre os peitos feito um pombo e cai matando na mulambada; por fim, temos a cereja dos beats, o tradicionalíssimo pilão. O personagem tem seu combo automático de socos e chutes, bem como um movimento de "shoryuken", fazendo um "c" + soco.
A menina, Rio, vem armada de fábrica com um providencial martelo de cricket, e com ele Rio toca o terror. É a personagem leve & veloz. O "c" mais soco faz ela girar a marretinha, e dá pra se mover no processo. O pulo mais soco com direcional para baixo permite que a mocinha desabusada faça seu martelinho de pula-pula na cabeça dos adversários, e dá pra quicar bastante. Como ela é "de menor", não consegue pegar o powerup "beer" (cerveja) quando ele aparece. Tá pensando que o futuro é bagunça, feito hoje? O especial dela é uma delícia: Ele suga todos na tela, num vórtice regado a disparos.
O balanceado do game é o Tora, e, como se diz no Rio, ele é bom em "torar" os adversários na pancada. Com "C" + soco, Tora saca sabe-se lá de onde uma katana e aplica uma sequência em quem estiver á frente. Este não possui o "cravadão", que é o movimento do pulo + direcional pra baixo + soco.
A corridinha + voadora dos personagens dá gosto: chega a pegar três hits no lombo da rapeize.
Uma inovação aqui é que todos os personagens possuem pulo duplo, feito um Alucard. "Qual a utilidade disso, tio Samerson?" Amigo, se um adversário vem de voadora em sua direção, com o pulo duplo sua voadora sobrepuja a dele, acertando-o "por cima".
O especial, fiel à norma, consome sangue (life) dos personagens.
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É você ali? No lombo de uma baleia? |
A andança baila da tradição ao inusitado: Na primeira fase você avança pelas ruas de NeoTokyo; na segunda já está DENTRO DE UMA BALEIA. Isso mesmo, feito o profeta Jonas que, não querendo cumprir sua vocação e chamado de profeta, preferiu fugir de Deus (uma impossibilidade axiomática, hum?, mas um homem com medo é principalmente um homem emburrecido), sendo, após algumas peripécias, engolido por uma baleia. Mas não tema: Logo a bichana ejeta você para fora, ou para o lombo dela, e a pancadaria continua dali. No final - lembre-se, estamos em terreno amigável, clássico total - temos aquela subida via elevador nos andares do edifício do chefão - com direito a boss rush.
Há tradição até nos nomes hilários dos adversários, como o Vandamme, ou o Freddy (Krugger? Mas ele tem uma máscara do Jason!); há homenagem a vários beats com a "fase da ponte" ou do prédio em construção, quando, enquanto você luta, um helicóptero despeja chumbo para salgar sua sopa. Agora e assim, no susto, eu rememoro três beats com fase semelhante. Mas tem mais.
No arsenal, temos desde faca longa até um chakam com jeitão de bumerangue, bem apelão se souber ser utilizado, passando por granadas e armas de fogo. Atenção, as armas de fogo "leves" - submetralhadora e fuzil - não podem ser apanhadas pelo fortão; no entanto, quando aparecer a imensa bazuka, é toda dele.
O jogo não é exclusivo do PlayStation: Em 1995 saiu a versão para o Sega Saturn. De toda forma, tendo sido lançado só no Japão, não era comum encontrá-lo por aqui, na Era de Ouro.
Ótima diversão para aquela tarde saudosista, meu jovem. Prepare o café e bora pancar.
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