Mickey Mouse, Topo Gigio ou Supermouse? Numa primeira olhadela, é difícil definir! E se misturarmos os três orelhudos em doses variadas, teremos o nosso rato-espadachim a jato? Espere, ou será nosso cavaleiro-voador um encouraçado dum tatu, esse singular filho das Américas? Nada disso: Trata-se de um marsupial, e não um dos nossos marsupiais americanos, como o gambá comum ou a misteriosa cuíca. Provavelmente ele é um canguru - ou outro congênere australiano.
Saindo da fauna real e entrando no ecossistema dos games, nosso herói seria um sarapatel mixando Megaman, Sonic e até o até-ali-ainda-não-nascido Crash Bandicoot, num único jogo. Bem, essas confusas definições não importam: O que vale é que nosso personagem é garantia de muita diversão e agito.
Lançado em 1993 para Mega Drive, filho da Konami e do produtor Nobuya Nakazato (o mesmo que fez diversos jogos da série Contra), Rocket Kinight Adventures é um inusitado jogo de plataforma de rolagem vertical. Na verdade, o jogo se desenvolve como um misto de plataforma e fases em shoot' em up - fases essas que homenageiam grandes clássicos do gênero (o shmupmaníaco se deliciará pescando as referências!).
Seja bem-vindo ao mundo de Zephiran. Este poderoso reino foi fundado, décadas atrás, pelo guerreiro El Zephirus. A certa altura, tal herói e seus companheiros foram envolvidos numa guerra total contra um grupo de sórdidos invasores, que navegavam a poderosa belonave Pig Star. Após encarniçados e assimétricos combates, contra todas as probabilidades, como se fossem Gideão e seus 300 (Juízes capítulo 7) os Zephirianos venceram, e a Pig Star foi selada, por meio de magia. O poder de tal artefato era imenso, e a família de El Zephirus por muito tempo se dedicou a proteger a arma, objeto da cobiça de muitos. Para isso, foi formada uma guarda ou tropa de elite, os Rocket Knights.
Os problemas começaram quando Axel Gear, um dos oficiais dos Rockets, se rebelou. Vencido pelo desejo de poder e riquezas, ele se tornou exemplo vivo da advertência bíblica que diz: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores" (1Tm 6.10).
Axel assassinou o líder dos Rocket Kinigts, Mifune Sanjulo, e procurou se apossar da arma. Mas seus planos foram frustrados pela perícia guerreira de outro cavaleiro Rocket, Sparkster, que pôs o traíra pra correr. Mas o vilão, após recompor suas forças, agora retorna, ainda mais ávido pela arma suprema.
Uma nova força invasora, os Devotinos, se apresenta, e Sparkster, agora o líder dos Rocket Knights, sente que de alguma maneira Axel Gear está por trás do ataque. Numa manobra ousada, Axel sequestra a princesa Sherry, no objetivo de fazer o rei entregar a chave que liberará a perniciosa Pig Star. E agora? Agora é contigo, ou melhor, com Sparkster!
A dinâmica do game é inusual - e movimentadíssima. Um exemplo: Já iniciamos a segunda fase enfrentando um sub-chefe. Assim, a seco. Ou melhor, na água! E a pauleira segue livre, com chefões duros na queda, que apresentam-se por vezes em três modos de combate - é aquele perrengue do "será que agora o miserarvii morreu?". Ah, e para chegar aos chefões, na maioria das fases você precisa passar por dois sub-chefes. É fé em Deus, querosene no jet e afiar a espada!
Falando em chefões, os inimigos aqui, numa antecipação de Angry Birds, são eles, os combativos & miserentos porcos! Os porcos e suas máquinas-porco, naves-porco e até uma cidade-porco. Angrybirdizado demais para você? Pois saiba que há até uma lua-porco, amiguinho, e é justamente ela, a luciferina Pig Star...
Além do pulo e do soco, que faz o personagem disparar espadas de curto alcance, a jogabilidade toda está baseada em pressionar o soco e carregar uma barra de força, que permite a nosso personagem ativar o jet em suas costas, seja avançando/ricocheteando em todas as direções a grande velocidade, seja dando uma girada mortal no ar, com sua espada (quando ativamos o poder do jet sem mover o direcional).
Apesar da cabulosa dificuldade, Rocket é com certeza um dos melhores jogos do Mega Drive, e seu personagem/franquia segue como um dos grandes injustiçados da história dos games, pois merecia muito, muito mais! O personagem, subvalorizado pela Konami - seu abandono é um dos mistérios clássicos do mundo dos games - acabou ganhando um toquezinho cult, e tem até site de fãs: https://rocketknight.fandom.com/
O jogo gerou uma sequência, Rocket Knight 2 (Sparkster) também para o Mega Drive. E ainda o spin-off Sparkster, para SNES; ambos estão igualmente entre os melhores jogos para suas respectivas plataformas. Confira! Houve ainda uma outra sequência, Rocket Knight, produzida pela Climax e publicado pela Konami em 2010, para Xbox 360, Playstation 3 e Windows. Ah, e em 1995 rolou até uma bela HQ do personagem. Se cavoucar na internet, ela pode aparecer!
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