sexta-feira, 18 de julho de 2025

De Férias com Nintendinho 4: A tetralogia Bourne


Calma lá, meu amigo: Jason Bourne, o espião/exterminador desmemoriado do cinema nada tem a ver com nossas férias, e entrou aqui de gaiato, a título de piada. Mas a vida dele nos inspira: Nossas resenhas de jogos sobre "um homem, uma missão" são bem a pegada dos filmes do Jason: Um contra todos. E esta é afinal a nossa quarta resenha de férias (confira aqui a 1, a 2 e a 3). Sim, temos uma tetralogia.

Pois vamos logo, seus nintendeiros saudosistas, que nosso tempo é curto e a ação nos obriga!


Huang Di - Cria da Aster, uma empresa de Taiwan, este jogo foi produzido sem a clássica licença da Nintendo, e seguiu um caminho obscuro desde seu nascimento, em 1990. Na trama, totalmente baseada na história mítica chinesa, você é ele, Huang Di, o Imperador Amarelo. Na lenda, Huang combate Zhuolu, general inimigo lotado de poderes místicos, num entrevero digno daqueles filmes de shaolin. Mas, no game, as coisas são mais confusas. Ou pouco lineares. Ou mal explicadas. Bem, isso é irrelevante. A questão é que gigantes, bestas do campo, demônios e espíritos erradios foram conjurados por Lorde Zhuolu ou Chi Yu, e essa bronca toda caiu no seu colo, meu amigo.

O game possui bom game level e seu personagem, armado de espada, pode upar e emitir disparos variados, invocar esferas de fogo para lhe circundarem, e até paralisar o tempo. Você avança enfrentando seres bestiais e animais, por campos, cavernas e pântanos, com cada peleja sendo apimentada por seus respectivos chefões. Com belas telas e ótima música, temos aqui um plataforma de aventura clássico, com pitadas de Ninja Gaiden e Ghosts 'n Goblins. Huang Di é certamente uma boa pedida para iniciar os trabalhos nessas férias!



Dinowarz: Destruction of Spondylus - Nesta aventura dinocibercósmica, você incorpora o Professor Proteus e, armado com mão pura e outros avanços que encontrar, precisa superar obstáculos e adversários cósmicos. As fases são divididas em duas partes, com você a pé e também na potência de um mecha, um robossauro, um megazord dinomorfo (Cyborasaurus) que nosso herói usa para eliminar a infestação de dinociberbestas nos mais diversos planetas de sua galáxia. O objetivo é, após derrotar chefes dinorrobozords, se apossar de uma chave e ir (agora na canela, sem o seu robozord) até a Central de Inteligência daquele planeta, para destruir o vírus que a infectou. Só assim é possível deter a infestação tecnorgânica naquele pedaço de terra bailando no espaço. Feito isso, volte para o robozord e teleporte-se para o próximo desafio.

O game foi desenvolvido pela ACC e publicado pela Bandai em 1990.

Um desafiador game de plataforma, mas nem tão difícil, e temos sempre continues e passwords para garantir o avanço. Como diria Optimus Prime: Dinobots, vamos rodar!



The Krion Conquest - Neste belo jogo de plataforma, invertemos nosso mote para "uma mulher, uma missão". Você é a bruxinha do bem Francesca, que, com seu cajado (ou varinha) mágico, pode invocar as mais diversas magias (disparos e quetais) na missão de derrotar as forças de Krion. Apertando start, você pode selecionar entre tiro normal, fogo (este serve de especial, invocando uma fênix e consumindo metade da barra de poder), gelo, ball (bolas que ricocheteiam), shield (invoca um escudo temporário e fixo), broom (invoca sua vassourinha - afinal, você é uma BRUXA, cara). Cada tiro representa uma troca de varinha mágica, o que muda também a cor da personagem.

Jogo desenvolvido pela Vic Tokai em 1990, ano bom. Na trama, a terra é atacada em 1999 pelo Império Krion, avançada tecnarquia cujos robôs quase indestrutíveis possuem um ponto fraco à la Superman: São suscetíveis a magia. É a deixa para os terráqueos, na figura do agente Kagemaru, convocarem a última bruxa não-selada, a adorável Francesca. Será sua missão vencer os apuros, tentar libertar Kagemaru e finalmente eliminar o imperador Krion, conhecido como Deus-Máquina (ou Deusa, pela cara) - antigo inimigo de Francesca. O jogo possui variações de enredo e nomenclaturas entre a versão japonesa e norte americana, mas isso era lei naqueles tempos de oeste selvagem dos oito bits.

Uma diversão agradabilíssima, que exigirá habilidade e tirocínio. Suba em sua vassoura e lá vamos nós! 



Metal Storm - Neste divertido e desafiante game (Tamtex/Irem, 1990), você pilota um poderoso mecha, com habilidade de inversão gravitacional, ou seja, você pode andar de cabeça para baixo nas telas. O game possui, a cada fase (dividida em dois estágios, após os quais você enfrenta um chefão) mecanismos para desafiar seu poder de estratégia, pronta resposta e resolução de puzzles. Cada fase tem seus desafios únicos, e vão exigir o máximo de sua habilidade com a inversão gravitacional - nela está baseado o conceito do game.

Alguns powerups ajudam no seu avanço, como o P (Power Beam), que melhora seu tiro; G (Gravit Fireball), que permite entrar em modo bola de fogo na transição gravitacional; ou o A (Armor), que permite ao mecha aguentar mais um golpe/disparo antes de findar. E ainda S (Shield), que cria um escudo adiante do mecha. Dica: O tiro do escudo é o melhor, pois quando o escudo toca nos adversários, causa belo dano. Ah, e quando você vai mudar de gravidade, seu robô vira momentaneamente uma bola de fogo (G); essa bola CAUSA MUITO DANO nos adversários, e, se souber usá-la bem, vai salvar a pátria em muitos chefões e durante as fases. E, no final, naquele boss rush que você adora.

O ano é 2501 e uma poderosa arma instalada em Plutão entra em aparente pane, ameaçando a Terra e todo o Sistema Solar. Trata-se de um colossal canhão laser. Sua missão, na figura do mecha M-308 Gunner, é invadir o planeta e destruir a máquina, antes que a Terra seja pulverizada.

Este game, tido pela maioria dos especialistas como uma das joias ocultas do console, me surpreendeu. Deixe ele fazer você sofrer nessas férias!



Holy Diver - "Poxa, tio Samerson, assim como você, considero o Castlevania um dos pontos máximos do NES... Pena que só saíram 2 jogos" (o 1 e o 3, pois o 2 foi uma sabotagem/atentado que quase mata a franquia ainda no berçário). Pera lá, meu amigo: Se não temos mais Castlevanias, temos ao menos o cheiro, a sombra, a vibe em outros games. É o caso deste Holy Diver (Irem, 1989, pois nem todo mundo nasceu em 1990). Aqui, você é Randy, um Simon Belmont com cabeleira mulets, capa com ombreiras e que dispara magias variadas.

Nosso Randy é um príncipe. O reino de seu pai, Ronnie IV (!!!) foi atacado e tomado pelas forças negrescentes de Black Slayer, o Rei-Demônio do Império Subterrâneo das Trevas. Na iminência de sua queda, Ronnie despachou seus dois filhos, Randy e Zakk, ainda bebês, para uma fuga ou exílio nas mãos de seu servo Ozzy. Mano, antes de continuarmos, você deve ter notado algo até aqui. O nome do jogo, bem como os nomes desses personagens, fazem referência a grandes nomes do Heavy Metal mundial. Randy Rhoads, legendário guitarrista que trampou com Ozzy; Ozzy o Osbourne, do Black Sabath, dispensa apresentações; Zakk Wylde, cantor e guitarrista que também trabalhou com Ozzy, liderando depois o Black Label Society. Já o imperador Ronnie não tem esse nome ridículo à toa: É uma homenagem a Ronnie James Dio, de bandas como o próprio Black Sabath, além da Raimbow e da... Dio. Por sinal, Holy Diver foi o álbum de estreia da banda Dio. E há ainda outras referências ao gênero, é só procurar. Depois dessa aulinha de rock, voltemos ao jogo, rapazes. Com dezessete anos, treinado e motivado, Randy - sem seu irmão, desaparecido - lança-se à cruzada em busca de vingança.

A cada fase e chefão defenestrado, você fatura um novo tiro, mas esses são limitados. Tiros duplos, congelamento do tempo (e do fogo), esferas de energia que circundam o seu personagem... Você também pega itens durante as fases, como as botas que permitem superpulos. Uma dica preciosa: Como em Castlevania, para repor life (corações) e tiros (esferas azuis) fique atirando naqueles inimigos de tela que vêm sem parar (em Castlevania, são as cabeças de medusa; aqui, círculos de fogo e outros). Outra dica: Há blocos quebráveis, que costumam liberar itens. Algumas vezes, ir e voltar na tela faz aqueles blocos quebrados aparecerem de volta, e aí essa é a manha, soldado. Você vai precisar. Conforme você avança, sua capacidade de acumular life e tiros também se expande.

O game é bastante difícil, com aquele gosto amargo de Haunted Castle (o famigerado Castlevania para arcades). Do jeito que você gosta.

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E aqui está o cardápio sugerido pelo maître para suas férias de meio de ano, com direito a farta trilha sonora. 

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Sammis Reachers

Retrogamer ocasional (empolgado ou emocionado nas férias), tio Samerson é escritor e editor. Dá aulas de Geografia para pagar a conta de luz e colabora nas revistas Muito Além dos Videogames e Old Bits.


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